COSTUREIRA PERFORMÁTICA

Lisa Simpson já costurou, "ao vivo", em bazares e shows de rock

''Toda pessoa pode fazer sua própria roupa'', garante Lisa Simpson, 25 anos. Especialista em reciclar e customizar roupas, ela se define como uma ''agente de costura'' e, desde o ano passado, oferece seus serviços em um ateliê próprio.

O trabalho, ela explica, é totalmente artesanal e independente das tendências vigentes. O que a aproxima mais das artes visuais do que do circuito da moda propriamente dito. ''Costurar, para mim, também tem um lado performático'', diz Lisa, que já costurou, ''ao vivo'', em bazares e shows de bandas de rock.

Para ela, é interessante que as clientes vejam as roupas sendo transformadas e deem palpites durante o processo. ''O que me move é a intenção da pessoa. Sou só um veículo'', afirma.

Nascida em São Paulo, Lisa se mudou com a família para o Canadá em meados dos anos 90. E o que era para ser apenas uma temporada acabou virando uma década na cidade de Vancouver. Lá, ela frequentou a escola e se encantou pelas aulas de corte e costura, disciplina obrigatória no currículo básico do país - inclusive para os meninos. Por ter um tipo físico diferente das canadenses (mais altas e esguias), a futura ''agente'' começou a praticar adaptando as próprias peças que comprava.

De volta ao Brasil, e dessa vez a Curitiba, onde sua família tem negócios, Lisa logo chamou a atenção das novas amigas. Não apenas por chegar ''totalmente gringa'', como ela mesma admite, em uma cidade que mal conhecia (o que lhe rendeu o apelido inspirado no seriado de tevê). Graças ao seu visual diferente, começou a receber encomendas para customizar roupas e não parou mais. Hoje, concilia a rotina no ateliê, batizado de Agente (Costura), com as aulas da faculdade de Artes Visuais.

Mas, afinal, como funciona o business de Lisa? Segundo ela, todo mundo tem peças antigas, ou pouco usadas, das quais não consegue se desfazer, seja por razões afetivas ou porque a estampa e o tecido são interessantes. Em vez de renovar o guarda-roupa em lojas, suas clientes a procuram para repaginar o que já possuem em casa. A partir de R$ 15, é possível ter uma calça transformada em bermuda, por exemplo.

''Há um lado meio social nesse trabalho, no sentido de reciclar e não acumular'', afirma Lisa, que prepara para breve um desfile na rua, em frente ao ateliê.

Agente (Costura)

por OMAR GODOY
com foto de LETÍCIA MOREIRA
janeiro de 2009

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