NA CARA E NA CORAGEM

Jô Mistinguett agendou, via internet, nove shows fora do país

Em vez de reclamar da falta de apoio, como nove entre dez artistas locais, Jô Mistinguett foi à luta. Comprou uma passagem para Portugal e, via internet, iniciou uma série de contatos para marcar shows fora do País. Descolou uma agente portuguesa e saiu daqui com nove datas agendadas: oito em terras lusitanas e uma em Paris. ''Fiz tudo na cara e na coragem'', orgulha-se.

Recém-chegada da mini-turnê, a cantora e DJ de 24 anos se diz surpresa com o tratamento que recebeu do público dos dois países. ''Os portugueses, principalmente, são muito quentes, bem parecidos com a gente'', conta. De acordo com ela, que canta em inglês e toca electro-rock, só o fato de ser brasileira já chamava a atenção das platéias. ''Na França, teve gente que me cobrou músicas em português'', lembra

Sua trajetória musical começou há pouco menos de quatro anos, quando trocou Joinville por Curitiba, para estudar Design de Produto. ''Mas toco teclado desde os dez anos. Cheguei a me apresentar em restaurantes e teatros com aqueles órgãos de dois andares, com pedal'', revela, rindo. Já no Paraná, Jô fez um curso de Discotecagem na Academia Internacional de Música Eletrônica (Aimec) e criou o projeto Gomma Fou, com o também DJ Péricles M.

A dupla terminou de forma precoce, bem como seu interesse pela faculdade. O desejo de se expressar, no entanto, permaneceu. Rebatizada como Jô Mistinguett (na certidão é Josely Costa), ela investiu no trabalho-solo e, como se vê, não tem do que se arrepender. Em tempo: o apelido é uma homenagem à dançarina Mistinguett, famosa nos cabarés franceses na transição entre os séculos 19 e 20.

Estudiosa, Jô ainda cursou Masterização e Produção na Aimec. Gostaria de ingressar na UFPR, porém acredita que a música eletrônica ainda é discriminada no meio acadêmico. Enquanto procura outro curso para se matricular, aprende a mexer nos equipamentos que trouxe da Europa.

Os novos ''brinquedinhos'' reforçam à parafernalha instalada em seu estúdio caseiro, onde ela costuma se enfurnar durante várias horas do dia. ''Com o sol alto, é só até às dez da noite, em ponto. Passou disso, os vizinhos já interfonam. É como se eles ficassem vigiando'', brinca.

Jô Mistinguett no MySpace

por OMAR GODOY
com foto de MARCOS BORGES
novembro de 2008

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